sábado, 10 de julho de 2010

13 de junho

E muda-se tudo...
Os cálculos, frios, ao léu, chegam ao fim
Estão quietos, num canto mudo
Bem distantes de meu mundo


Ao nascer um amor assim,
O resto curva-se em substrato
Num adubo putrefato
Que lhe serve de alimento

Ao pó aquilo que findo.
E, de repente, em meu sustento,
Paira esse amor lindo

Eu no encontro do meu alento
Enfim, descobrindo-o
Em você, a cada momento

Sinésio Terceiro.


Ainda me impressiono como as coisas podem acontecer. Não se conhece até viver.
Que Deus nos abençoe. Até fim.
Beijo, Paula.

domingo, 27 de junho de 2010

Sem rascunho II

Um dia me disseram que certas coisas modificam nossos rumos tanto quanto o vento muda o destino da gota, que ao cair do lado oposto do pico da montanha, acaba por pousar à quilômetros de distancia da demais chuva.
Quem sabe não é assim mesmo. Um hora menos ou mais, e lá se vão os planos. Risca-se o destino por mãos próprias, Gil, ainda que se tenha régua e compasso. Sabe-se lá de que lado eu vou cair agora. Só me resta permanecer intacto.

E que Deus nos abençoe, meu amor.

Sinésio Terceiro

domingo, 25 de abril de 2010

Sem rascunho

Não sei mais o que vai ser

Tudo tem se desmanchado demais

E meu futuro, muito incerto,

Ainda não traz segurança.

Mais um lastro que se desfaz

Mais um impulso se cansa.

Todo esse vazio por perto

De um homem já de pouca esperança

Amargo pelo que come

Azedo pelo que quer

Ácido pelo que não tem

Pesa que não fica mais de pé

Nem metal mais contém.

Cansa ficar no silêncio

E o conforto de fazer o correto

Dói quando não há retorno por perto

E o que se quer mantém-se distante.

É difícil andar sem alento,

Conforto ou vento.

É ruim sem ver seu objetivo

E sem qualquer outro motivo

Que lhe faça andar.


Sinésio Terceiro, 25/04/2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Felicidade

A felicidade é um lapso na razão

Bem arrazoados quem deixam enganar-se pela felicidade

Seus braços são o único conforto nesse caminho de pedras

Bendito engodo!

Bebam, então, do entorpecente dessa bela

Abusem-na, e voltem ao jogo

O jogo podre cuja única vitória

É adiar-se a decomposição final.

E fugir-lhe para os braços

Dessa ingrata.


Sinésio Terceiro

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia das Mulheres

Absorto em palavras e em você,

Espero que possa, com o melhor do que já li, e ouvi

Fazer lhe compreender.

Em homenagem a ver-nos, juntos, pelo espelho,

A testemunhar o movimento de seu cabelo

Açoitado pelo vento que revela sua franja

Quero que perceba

Que não há nada que lhe esconda.

Nem o cuidado que esbanja,

Nem leveza e beleza que ao seu redor.

Nada rouba o seu papel.

E isso encarece o seu valor.

Há homem desde que haja mulher,

Pois bicho não há que viva sem sua flor.

E os que vivem, vivem só metade,

Vazios sob o céu.

Não há inteiro sem cor e cheiro.

E se quer há vida sem calor..

Homem, então, como pode haver sem mulher?

Há corpo e massa...

Acéfalos de vida sem sentido

É tudo! Homem não é...

Que dure para sempre o que de você me encanta

Que cresçam suas dádivas

E que haja sempre

E sempre maior

O que há de bom em mulher.




Às boas e seletas mulheres à que mantenho na integra o meu respeito, e que, certamente, pouco percebem isso, e, provavelmente já se sentiram tentadas às imundices modernas, meus votos de que mantenham o bom uso da costela que me roubaram. Às que pensam, as autônomas, que tem um sorriso e cuidado. Às femininas, e não as puramente fêmeas, meus parabéns. Sinésio Terceiro

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

=]

Queria tanto que aparecesse,

Pra gente trocar um dedo de prosa...

Um instantim que sêsse,

O bastante pra tirar a prova.

Eita negócio que me aperreia!

Pra que esse espaço de sobra?!

Num podia ser tudo pertim,

P’eu te amarrar bem de correia!

Desencantar de vez essa palestra...

Será, moça bonita, nós dois bem amarradim

Ia lá dá coisa que presta?!!

Mas se assuste não...

Eu sou de paciência,

Sô homem dos que não resta!

Cê tem minha aquiescência.

Eu te quero é com carinho!

Mas vê se apareci logo...

Te espero de cá suzinho....

Tô doido pra te dá meu colo

Pra tu fazer de ninho...

Sinésio Terceiro

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Café ao som de silêncio (

Motos inconvenientes

Tentam, em vão, tirar minha concentração.

À medida que penso,

Afundo-me em quietudes estridentes,

Dos cantos de cabeça que chamam coração.

Corre o bico de caneta,

E o rascar no papel me eleva.

Uma cócega, um carinho nas costelas...

Derramo-me em tinta preta,

Nesse movimento de mão...

Abraça-me o vento corrente das janelas,

E isso, fechado em caxeta,

Talhada a formão,

Com chá, de cor e de aroma, que enfeita,

Disso faz-se um afago.

Confere um olhar solto

Mas não vago.

Inquieto, errante,

Mas determinado.

O papel, que agora me tem em parte, derramado

Revigora-me que "a liberdade não se acaba,

Num mundo ilimitado.

Aberto, sem porteira,

Derrengado..."

É de se escolher o caminho.

Para onde levar a bandeira.

O ponto é seguir,

Coeso e sem pressa.

Peito e braços preparados,

De tudo o que passar,

Agarrar o que interessa.

E o que faz bem, bem conservar.

É de seguir procurando minhas fronteiras

No meio da amplidão.

Eu e minha caxeta,

Talha da a formão...



Sinésio Terceiro