quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A cura

Palavras giram com minha cabeça.

Parado, sentado a mesa,

Ou sozinho, olhando prum canto...

Há algo que não querem que esqueça.

São visões que nem conto

Andando, olhando pro chão...

Estão a me levar

Conduzem-me à exaustão

As que capto da cena

E as que não solto no mundo

Um solitário em discussão...

Mas a ilusão é pequena.

Elas me carregam por todos os lados

E só param onde sempre vão

Primeiro um mundo pronto, cheio de brio

Vem o sorriso no rosto...

Depois encontro, pálido, o mesmo vazio.

Não que viva no desgosto

Nada tão profundo.

Mas há essa marca

Isso que me amola

Algo do meu sumo

Está comigo e não adianta

É um mal que me assola

Para achar a resposta, não sei o que faço

O rascunho, tenho comigo.

Mas qual será o traço?

Talvez numa casa

Sobre pedras, atrás das flores...

Quiçá nem exista mais

A velha cura prestas dores...

Eu acredito

Um dia a agonia se vinga

Tudo nesta criatura

Eu já sei a forma

Só não sei a essência, ainda

Mas lhe darei essas palavras em fartura

Livrar-me-ei da perturbação

Virá sob cabelos

Coluna para dar postura

Sobre sapatos, veludo nas mãos...

Ainda não conheço a resposta pra meu extrato

Ao fundo, o objeto de minha procura

É muito mais que mão e sapato

Ao final, me resta o desiderato

E as palavras nesta semi-loucura

Falando e pensando sozinho

Dando voltas à quase tontura

Com a hipótese de haver remédio

Complemento ou cura.

Algo que me satisfaça

Alguém para acompanhar à ventura