Palavras giram com minha cabeça.
Parado, sentado a mesa,
Ou sozinho, olhando prum canto...
Há algo que não querem que esqueça.
São visões que nem conto
Andando, olhando pro chão...
Estão a me levar
Conduzem-me à exaustão
As que capto da cena
E as que não solto no mundo
Um solitário em discussão...
Mas a ilusão é pequena.
Elas me carregam por todos os lados
E só param onde sempre vão
Primeiro um mundo pronto, cheio de brio
Vem o sorriso no rosto...
Depois encontro, pálido, o mesmo vazio.
Não que viva no desgosto
Nada tão profundo.
Mas há essa marca
Isso que me amola
Algo do meu sumo
Está comigo e não adianta
É um mal que me assola
Para achar a resposta, não sei o que faço
O rascunho, tenho comigo.
Mas qual será o traço?
Talvez numa casa
Sobre pedras, atrás das flores...
Quiçá nem exista mais
A velha cura prestas dores...
Eu acredito
Um dia a agonia se vinga
Tudo nesta criatura
Eu já sei a forma
Só não sei a essência, ainda
Mas lhe darei essas palavras em fartura
Livrar-me-ei da perturbação
Virá sob cabelos
Coluna para dar postura
Sobre sapatos, veludo nas mãos...
Ainda não conheço a resposta pra meu extrato
Ao fundo, o objeto de minha procura
É muito mais que mão e sapato
Ao final, me resta o desiderato
E as palavras nesta semi-loucura
Falando e pensando sozinho
Dando voltas à quase tontura
Com a hipótese de haver remédio
Complemento ou cura.
Algo que me satisfaça
Alguém para acompanhar à ventura